Eu e as redes sociais da internet
Quem me conhece já sabe: sou fascinado pela internet, sinto uma falta tremenda quando passo um único dia sem ter acesso à grande rede mundial de computadores, e passar dois dias seguidos sem ver meus e-mails é quase uma sensação apocalíptica. Uso a rede para quase tudo: atualizar o blog, visitar os blogs dos amigos, ler notícias, ver cotações, controlar de correspondência, ou melhor, receber e proliferar um monte de bobagens, jogos, horóscopo, previsão do tempo, pesquisas…
Em minha opinião, a internet sofreu um grande boom! de popularidade, tudo graças ao surgimento de milhares de Lan Houses oferecendo conexão, que eles chamam de rápida, a preços módicos, aliados ao aparecimento das chamadas redes sociais, como: o Orkut, o Twitter e o Facebook.
Bom, eu tenho contas nos três e, conforme alguns de vocês já devem ter notado, não sou dos usuários mais fiéis a nenhum deles. Para se ter uma ideia, as últimas fotos que eu postei no Orkut são de 2006. Só apareço lá, raramente, para responder a uns poucos recados que recebo, pois a maioria já percebeu que não é a maneira mais eficaz de entrar em contato comigo.
Em se tratando de Orkut, uma coisa que eu acho estranha é o fato de que as pessoas se preocupam apenas em lotar os perfis e abrir o “fULaNO(a) Di tALXxx 12 – tODOxXXx uXXx oTRuxX EStauN LoTAduXxx!”, saem feito loucos adicionando gente, e aposto que não conhecem nem um décimo daquele povo todo. No meu perfil, modesto para os padrões orkuteiros atuais, só há pessoas que eu, ao menos, sei quem são. Mas é incrível a quantidade de perfis (e a gente nunca sabe se é uma pessoa, “um pessoa” ou ainda um alienígena) que aparecem do nada querendo nos adicionar. Eu, muito educado que sou, respondo polidamente: “desculpa, mas de onde nos conhecemos?”, muito embora eu já tenha recebido respostas desagradáveis pela minha franqueza.
Ainda falando de Orkut, uma coisa precisa ser dita: ele é uma fonte quase inesgotável de risadas, afinal quem de vocês nunca viu aquelas chamadas “Pérolas do Orkut”? Palavras e frases que são um verdadeiro atentado à língua portuguesa, e imagens inimagináveis que só podem significar a junção perfeita de uma ideia idiota com uma câmera digital e um acesso à internet, o que é igual a humor na certa. Daí chegamos ao Twitter, local onde há muitas pessoas que compartilham pensamentos e informações bem interessantes, eu, particularmente, uso o microblog para divulgar as novas crônicas que ponho na rede e não vou muito além disso.
Entretanto, muitos dos usuários, a grande maioria, na realidade, se ocupa meramente em dizer ao mundo inteiro, quase que ao vivo, o que acabaram de fazer. É uma verdadeira “síndrome de Big Brother”. Eu pergunto: qual é a graça em postar: “Galera, acabei tomar um copo d’água!” ou “Tô com sono. Tô indo dormir!”? Ainda bem que somos nós que escolhemos quem vamos seguir e, ao primeiro sinal de deslize intelectual, é só bloquear e pronto! Estamos livres de
saber quando você precisou ir ao banheiro ou que seu cachorrinho aprendeu a fazer xixi no jornal.
Outro emprego questionável que tem sido dado ao Twitter é o de arena virtual, já que está cada vez mais frequente a utilização dos twitts para troca de acusações, especialmente entre os artistas e personalidades. Problemas de relacionamento, xingamentos, baixarias… é uma verdadeira lavagem de roupa virtual. Parece um daqueles programas sensacionalistas de quinta categoria que passam na televisão. Ainda bem que eu não acompanho ninguém famoso!
Por fim, o Facebook. Para ser sincero, nem sei como eu fui parar ali. É um Orkut com outra cara. A mesmas ideia, quase as mesmas (des)funcionalidades, enfim… tudo de velho, com uma roupagem nova. Aceitei o convite de alguém e comecei a fuçar, mas já está fadado ao mesmo fim do meu perfil no Orkut: visitas esporádicas e atualizações só em ano de Copa do Mundo.
A grande diferença que eu notei comparando o Facebook com o Orkut, foi que o primeiro possui uns joguinhos virtuais (aplicativos), uma forma incrivelmente entediante de jogar tempo fora e, por absurdo que possa parecer, com uma capacidade excepcional de viciar os usuários, independentemente da idade, já que 90% das pessoas que eu adicionei parecem estar jogando.
Para mim, o mais chato de todos é o tal do “Farmville”, não vejo o menor sentido em perder tempo cultivando uma fazendinha virtual, creio que talvez também seja uma síndrome relacionada a outro reality show: “A Fazenda”, com a diferença de que não se vira celebridade e nem se ganha um tostão furado com esse.
Se o fato de achar a coisa completamente inútil não bastasse, algo me tira a paciência: é que, nas poucas vezes em que acesso o Facebook, encontro a minha página inicial lotada de mensagens do tipo: “Beltrano te enviou um pé-de-planta* para a sua fazendinha. Que tal me ajudar e mandar algo de volta?”. Eu queria mesmo era mandar o pé-de-planta, a fazenda e até a conta do Farmville pro inferno, porém, e por mais que eu tenha tentado, não achei onde cancela o maldito joguinho.
Eles que me aguardem! Graças às tais das redes sociais, conheci um excelente programador de computadores. No início eu o achei meio misterioso e perguntei se ele era algum tipo de hacker, mas ele me tranqüilizou e disse que não, apenas era um estudioso capaz de conseguir acessos indiscriminados a espaços na internet para fins exclusivamente educacionais, acho que dá pra confiar nele. Enfim… nosso projeto é criar o MSTnF (Movimento dos Sem-Terra no Farmville), eu indico as fazendas e ele vai ser o responsável por acessar as contas e colocar, em cada uma delas, um “acampamento eletrônico”. Assim, ao menos durante o tempo em que ficarem aguardando a solução da desocupação da área na justiça, a administração dos latifúndios vai ficar parada e eu vou conseguir abrir meu Facebook aliviado sem me preocupar em ter que ignorar as incontáveis e insuportáveis mensagens me presenteando com insumos agrícolas virtuais.
( Fonte: http://cronicasdogus.com/2010/03/22/eu-e-as-redes-sociais-da-internet/ )